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ESPECIALISTA RESPONDE - ENTREVISTA COM MARCELO BARBOSA PEIXOTO

26/07/2020

Na entrevista desta semana, o quadro Especialista Responde traz entrevista com o Sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Amazonas (GLOMAM), Marcelo Barbosa Peixoto, que atua como despachante aduaneiro na empresa RC Despachos, presente no Estado do Amazonas há 32 anos. Na entrevista, ele esclarece alguns pontos importantes sobre o panorama da importação no Brasil neste momento de pandemia e ainda faz uma análise futura de como o mercado deve se comportar.

Acompanhe:

 

(GLOMAM)  De modo geral, como as transações comerciais com outros países têm se comportado, durante o período de pandemia?

Marcelo Barbosa Peixoto: As transações comerciais com outros países têm se complicado porque muitos países durante a pandemia suspenderam as fábricas, fizeram a quarentena e, com isso, reduziu um pouco o estoque deles e um outro detalhe maior ainda, a logística. Os transportes que acontecem hoje, 70% deles está ligado com o transporte de passageiros, ou seja as companhias utilizam o porão do avião para fazer o restante dos transportes. Com isso, aumentou muito o frete. Para se ter ideia um frete da China-Manaus aéreo é em torno de 5 a 6 dólares e hoje está sendo comercializado a 18 dólares. Então isso encarece muito o custo da mercadoria. E sem falar o volume, pois os navios também diminuíram, pois não tendo muito volume de carga para transportar as frequências caem também. E as companhias exportadoras reduziram muito a oferta deles, porque começou a ter um tipo de falta de matéria-prima de outros países e isso tudo acarreta na redução de produção.

(GLOMAM) Qual a pior consequência da recessão no poder de compra dos comerciantes locais?

Marcelo Barbosa Peixoto: O comerciante que não vende não tem a circulação do dinheiro, ele não consegue fazer compra, pois fica com estoque alto. E quem tem estoque não vai ficar comprando em meio a uma pandemia, pois não vai ter onde estocar também. Fora que, como eu falei, o transporte está muito caro e dificultou mais o transporte também. Então todos os comerciantes realmente deram uma recuada. Porém as fábricas ainda compraram, porém com volume bem menor.

 

(GLOMAM) Com o dólar em alta, como deve se portar o mercado de compras? O senhor acredita que poderemos reverter esse quadro a longo, médio ou curto prazo?

Marcelo Barbosa Peixoto: Realmente a alta do dólar impactou em todos os setores, não só na importação, mas em tudo, porque a matéria-prima quase toda é importada e depende do dólar e o dólar realmente é uma moeda que a gente adota ela como parâmetro, pois não tem inflação. Então realmente, se você notar, aumentou tudo. Aumentou supermercado. Algumas indústrias diminuíram até o volume de produto, para manter o preço. Em vez de você comprar 500g está comprando 400g. Estão se reinventando. Porém, o dólar ele sempre acompanha o Brasil, acompanha o comércio e tudo o que fazemos é com base nessa moeda. Como eu falei, isso depende muito da matéria-prima, quando a matéria-prima tem essa escassez ou aumento lá no exterior a tendência é realmente as coisas encarecerem no mercado local. Porém, a tendência é que o comércio se adapte e regule os preços. Eu já passei várias crises assim com o dólar aumentando e o pessoal diminuindo as compras, porém a importação é uma necessidade. Você precisa de alguns bens para fazer a circulação da mercadoria. Então é um efeito que logo de início gera um susto, um impacto, porém depois o mercado vai se adaptando. Não é bom, porém é necessário se adaptar.

 

(GLOMAM) O despachante aduaneiro desempenha uma importante função dentro do desembaraço fiscal dos grandes empresários locais, de que forma acontece o trabalho desse profissional?

Marcelo Barbosa Peixoto: O despachante aduaneiro é uma venda de serviço que tem uma importância muito grande no mercado de importação, porque nós temos que regularizar as mercadorias que entram no país, realizar esse desembaraço. Hoje o desembaraço da Receita Federal está muito moderno, está tudo eletrônico, hoje conseguimos fazer a maioria dos processos tudo eletrônico. Inclusive não tem mais auditor fiscal nos terminais de liberação. Hoje só tem um técnico responsável por monitorar o desembaraço. A Declaração de Importação hoje é totalmente eletrônica, então quando a gente registra a D. I. ela vai para a Receita Federal Eletrônica que faz uma pré-análise da empresa, que conforme elas importam é criado um histórico de importação da própria empresa e depois disso tem os canais de liberação: verde, amarelo e vermelho, conforme cai a empresa ela vai pro canal de vistoria que é o vermelho, canal de análise que é o amarelo e tem o verde que é liberado automaticamente. O índice de liberação automática é muito grande, é 96%, só 4% das cargas no Brasil caem para análise documental e análise física da mercadoria. Então é muito pequeno, mas existe um controle sim. Porém o controle da receita hoje é muito moderno, muito bom. Hoje quem importa veículo e muda o ramo para importar pedra o sistema a receita na hora já vai saber. O sistema avisa automaticamente para o auditor fiscal. Hoje o auditor trabalha em home office, em casa, e também na Receita. Hoje está tudo concentrado. Hoje também a Receita tem um sistema que qualquer auditor fiscal no Brasil inteiro, em qualquer Região Fiscal, pode fazer a liberação eletrônica da sua mercadoria. Então, por exemplo, uma mercadoria que chegou em Manaus e deu canal de vistoria vermelho, ela pode muito bem ser analisada por um fiscal de Belém, cair pra ele e ele faz a análise toda documental e pede no terminal de onde a mercadoria chegou para que aquele técnico da Receita vá lá, tire foto, se ele tiver dúvida em alguma coisa da carga, e mande verificar os itens físicos da carga, marca, modelo, referência, país de origem e nisso ele já faz essa análise e por ali mesmo ele desembaraça via eletrônico.

 

(GLOMAM) Que medida o senhor recomendaria para o enfrentamento dessa crise econômica por parte dos empresários locais?

Marcelo Barbosa Peixoto: Nós temos que acreditar no Brasil. Nós temos que ir pra frente. O Brasil precisa da gente, precisa de cada um. Eu acho que o empresário não pode desistir. O Governo Federal está fazendo um trabalho muito bom com as pessoas, dando uma ajuda, tanto na parte fiscal como na parte de impostos. Então isso aí eu acho que está ajudando a economia a voltar. Eu estou acreditando muito que a economia volte a crescer e que as pessoas voltem a comercializar novamente. O nosso pensamento sempre tem que ser positivo e tentar ajudar um pouco o nosso governo federal, o presidente da República. Então isso aí, sem dúvida alguma, acreditamos nesse governo. Ele está abrindo as portas do Brasil para a importação. O Brasil tem que fazer o livre comércio acontecer, isso é muito importante pra gente hoje, pois o livre comércio deixa as coisas mais baratas, deixa as coisas mais fáceis de trabalhar. É a Globalização que nós tínhamos, cada país tem um potencial. E aproveitar o potencial de cada país para podermos dividir, porque dividindo e nos unindo eu tenho certeza que a gente consegue ajudar muito a população e ajudar o comércio e voltar tentar ter novos ares na nossa economia. 

Biografia

Marcelo Barbosa Peixoto é despachante aduaneiro na RC Despachos Aduaneiros, que atua no mercado há mais de 32 anos tendo como missão desenvolver e oferecer soluções de logística agregando qualidade e tarifas mais competitivas aos empresários locais.


Emitido em 19/04/2024 04:59